Sou uma sujeita de sorte...

"Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro. Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro"

Essa semana foi um 'inferno aceso', como diria minha mãe. To-do-di-a teve um episódio pra chatear, desequilibrar, uma pequena rasteira da vida que, se vc não cuidar, vc acha que não merece ser feliz nunca mais – mas serve também como um aviso pra você ficar atenta.

2ª f – Me programei pra vacinar a filha adolescente. Saímos de casa mais tarde do que devíamos, fomos num posto que encerrou mais cedo do que estava marcado no site, e ao chegar no outro posto as senhas já tinham acabado... A frustração é que essa ação não pode depender apenas da minha determinação, ação, horário disponível, né? A decisão de vacinar não é apenas minha, envolve no mínimo mais duas outras pessoas, mas todo o peso da ação está nas minhas costas.

3ª f – Saímos mais cedo de casa pra vacinar, apesar da minha agenda de trabalho apertada. No posto tinha uma fila pequena, mas tudo caminhava bem. Entretanto, apesar de avisar no preenchimento da ficha que a adolescente é canhota, a enfermeira que aplicou a vacina sustentou que era "protocolo" dar a vacina no braço esquerdo. Fui surpreendida com essa imposição e quando dei por mim, a vacina já tinha sido aplicada no braço dominante dela. Minutos depois eu já estava emputecida... Protocolo definido por quem? Qual o sentido legal disso? E se a pessoa não tiver braço esquerdo, fica sem vacina? Qual o prejuízo de vacinar no braço direito? Qual a dificuldade para adaptar esse protocolo para pessoas canhotas? Imediatamente, registrei uma queixa na Ouvidoria do SUS, mas o gosto amargo de ter passado por uma imposição baseada apenas em 'achismos' me consumiu o resto do dia... vamos ver se o registro da queixa vai resultar em algo concreto.

4ªf – O dia correu solto e relativamente tranquilo, mas precisei pressionar o BB pra resolver uma solicitação feita no mês passado. Isso me desgasta, ter que dizer o óbvio: que parte da conversa os profissionais do banco não compreenderam que eu precisava resolver em agosto e não em setembro, se eu DISSE isso desde o primeiro contato??? Pra coroar, no final do dia fomos informados que a sobrinha (que passou o mês em casa, em férias) simplesmente perdeu o vôo de volta pra França por ter errado a data do embarque. ERROU-A-DATA-DO-EMBARQUE. Pois é...

5ª f – Dia de faxineira, de assistir aula, de trabalho, de resolver pendências. A sobrinha, milagrosamente, conseguiu embarcar. A pendência com o BB foi encaminhada. No meio da tarde, a aula on-line tava rolando quando a campainha tocou. Era a Enel, que veio CORTAR A LUZ por falta de pagamento. O marido simplesmente pendurou as contas na estante do escritório e considerou cumprido o trabalho de avisar sobre a necessidade de pagamento. Que, obviamente, não foi feito. Então, em 2 minutos, a luz foi cortada, dane-se o cliente, os motivos do cliente, o pagamento imediato feito pelo cliente. E na maior cidade do país, o religamento se dá num prazo de 24 horas. VINTE E QUATRO HORAS. Não adianta chiar. Não adianta propor pedido de urgência. Não adianta espumar. Não adianta xingar marido.

6ª f – A pendenga com o BB finalmente foi encaminhada e, aparentemente, resolvida, apesar da falta de energia elétrica pela manhã. Estou alguns milhares mais pobre, mas em dia com minhas obrigações contratuais.

Sáb – Fomos na ortodentista, que deu uma desculpa bem esfarrapada pra declinar de fazer o tratamento da filha. Ninguém é obrigado a aceitar paciente, claro, mas gentileza e bom senso é o mínimo que se espera de um profissional com mais de 30 anos de estrada... Um lote grande de vacina Coronavac foi interditado pela Anvisa, as vacinas foram aplicadas na população sem terem certificação oficial. Filha e genro receberam vacinas desse lote. Dizem as autoridades que não haverá problema, é só uma questão burocrática. Como ter certeza? Viver nessse país tem sido de f*der...

Tudo isso são white people problems, eu sei. Ainda assim, por esses e por tantos outros, tenho chorado pra cachorro. Essa semana eu quase morri, mas a semana que vem não morro não.